quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

barrigas



A imprensa brasileira tem sido duramente criticada pelos meios de comunicação europeus no que diz respeito à apuração do "caso Paula Oliveira" , em que uma advogada brasileira supostamente grávida, teria sido (também supostamente) torturada e espancada por neonazistas suiços numa estação de trem no subúrbio de Zurique.


O motivo das críticas não é a denúncia em si, de uma possível atitude preconceituosa em relação a estrangeiros que vivem na europa , é o trabalho preguiçoso e porco que se fez na cobertura realizada por nossos colegas de profissão, em mais um escândalo internacional envolvendo um brasileiro.


A imprensa brasileira esqueceu o adjetivo "suposto" no episódio da advogada agredida. Teria que ser um procedimento normal, já que os jornalistas e os meios de comunicação não testemunharam e nem podiam comprovar a veracidade dos fatos, mas já foram dando como certa a história vinda de tão longe e tão rapidamente veiculada na mídia (internet,tv,rádio e impresso) antes mesmo de uma apuração mais cuidadosa.


A imprensa, aqui e lá fora, tem acumulado, ao longo do tempo, uma série de deslizes informacionais dignos de nota. O jargão jornalístico tem um termo - "barriga" - para designar as bobeadas dos jornalistas, assim como lança mão de outro - o "furo" - para indicar aquela notícia "bomba" veiculada exclusivamente por um veículo.


A internet tem propiciado,pela aceleração de notícias veiculadas,pela falta de atenção e por falta de senso crítico de alguns jornalistas, algumas "barrigas" memoráveis. Os profissionais da informação estão cada vez mais propensos às "barrigas" porque, sem tempo para uma checagem mais detalhada das notícias que chegam a eles e ansiosos para dar um "furo" de reportagem, a situação se desenha para tal precipitação.


Infelizmente, no entanto, os "boimates" e os "mico-leões prateados" não são coisas do passado e povoam os nossos veículos o tempo todo, pairando como ameaças à credibilidade da imprensa e dos jornalistas.


O "boimate" foi publicado pela Veja em abril de 1983 e referia-se a uma "sensacional" descoberta ocorrida na Alemanha (mais precisamente na cidade de Hamburgo - o que, como iremos ver nada tem de acidental). Dizia respeito à pesquisa de investigadores alemães que, respaldada em processo inédito para a fusão de células animais e vegetais, culminou com um produto singular:

o "boimate", meio carne, meio tomate, ou seja algo que dava em árvore e que, em resumo, se constituía em um hambúrguer que já vinha com catchup.


O Correio Braziliense, jornal tradicional de Brasília, na década de 90, também comeu a sua "barriga" ao noticiar a descoberta em São Paulo do "mico leão prateado" que, segundo a notícia, seria uma mutação do "mico leão dourado", provocada pela poluição paulista. O veículo não percebeu que o telefone que constava do release responsável pela brincadeira era do Disk Piada de Brasília.

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